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O ensino híbrido é uma abordagem pedagógica que combina atividades realizadas em sala de aula e fora dela por meio de recursos tecnológicos.

Hoje em dia, a prática pedagógica que utiliza o ensino híbrido tem se destacado cada vez mais como elemento potencializador da aprendizagem; a transferência de informações, a acomodação do conhecimento, o aproveitamento e engajamento dos alunos conferem outro posicionamento à gestão do conhecimento no processo de ensino–aprendizagem.

O especialista em educação e tecnologia Dr. Leandro Karnal (2012, p. 99) afirma em um de seus livros que “As imagens, onipresentes, também ganharam velocidade. Elas não apenas estão lá, mas mudam a todo instante. Assim, transformou-se a capacidade e a tipologia da atenção. A média dos alunos simplesmente não consegue acompanhar uma longa explicação oral ou uma demorada demonstração de teorema. É uma questão estrutural”*.

Uma das grandes dificuldades encontradas quando a escola não se adapta a essa nova realidade tecnológica é o reforço involuntário do estereótipo entre os jovens de que existe o mundo fora da escola, onde tudo é conectado, prático e possui sentido, e o ambiente escolar, que é arcaico e pouco relevante. A tecnologia continua sendo efetiva se vinculada a uma gestão educacional eficiente do professor, mas não será relevante se for utilizada sozinha. É bem verdade também que uma aula estruturada não se comunica de forma conectada, ou seja, na linguagem dos alunos nunca será um instrumento de transformação. Ao contrário, deixará de favorecer os melhores resultados em sala de aula, pois a estrutura da atenção e percepção da geração nativa digital requer mudanças e transformações que respeitem os novos modelos estruturais.

A escola, mediadora do conhecimento, precisa ser capaz de entender as novas características estruturais dos alunos para continuar a ser a principal referência na aquisição do conhecimento. Atualmente, um professor que solicita como atividade de casa uma pesquisa sobre a origem da tabuada, por exemplo, está indiretamente estimulando a simples cópia de um conteúdo da internet.

O professor pode utilizar-se de técnicas e atividades que aproveitem o acesso irrestrito à informação de que os jovens dispõem. Observe alguns exemplos:


>> Língua Portuguesa: pedir que os alunos reproduzam e resumam os versos de uma obra de Shakespeare em 140 caracteres (tomando como referência os 140 caracteres limitadores do Twitter);

 >> Ensino Religioso ou História: sugerir um debate sobre o extremismo islâmico e sua relação com as declarações polêmicas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a respeito do islamismo. O debate pode acontecer fora da sala de aula, em um ambiente virtual ou não, ao invés de apenas solicitar uma pesquisa escrita sobre o tema.

> Física: pedir aos alunos que encontrem no YouTube vídeos de filmes e desenhos que desafiem as leis da física.


 

Uma aula que tenha como propósito a expressão autoral dos alunos, e não a simples cópia, terá muito mais significado e engajamento. Esta geração, embora impaciente, deseja se expressar, questionar e se posicionar.

O ensino híbrido, como abordagem pedagógica, é uma realidade e precisa entrar no portfólio do educador moderno. A tecnologia não é apenas um meio que dinamiza as atividades do professor ou encanta os pais; é a conexão e a linguagem que conduz ao conhecimento e à transformação da atmosfera escolar. Essa nova linguagem, que transcende o idioma e fortalece a conexão entre as várias áreas de estudo, está cada vez mais relacionada com o sucesso e a missão da escola.

 

*KARNAL, L. Conversas com um jovem professor. São Paulo: Editora Contex-to, 2012. p. 99.

 

Imagem: BillionPhotos/Fotolia.
Fonte: Revista CPB Educacional – 2º semestre 2017.