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A criança é um ser social com capacidade afetiva, emocional e cognitiva. Tem desejo de estar próximo às pessoas e é capaz de interagir e aprender com elas de forma a compreender e influenciar seu ambiente. Ampliando suas relações sociais, interações e formas de comunicação, as crianças sentem-se cada vez mais seguras para se expressar e passam a aprender por meio das trocas sociais com diferentes crianças e adultos, cujas percepções e compreensões da realidade também são diversas.

Assim, o processo ensino–aprendizagem ocorre de forma gradual, contínua, cumulativa e integrativa, envolvendo ações, sentimentos, erros, acertos e novas descobertas. Nessa etapa, a avaliação deve ter como objetivos auxiliar o processo de aprendizagem, fortalecer a autoestima do aluno e orientar as ações pedagógicas. No que se refere às crianças, a avaliação deve permitir que elas acompanhem suas próprias conquistas, dificuldades e possibilidades ao longo do processo.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, na seção 11, referente à Educação Infantil, artigo 31, preconiza que: “[…] a avaliação far-se-á mediante o acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao Ensino Fundamental”.

A avaliação deve ampliar o olhar do professor a respeito do contexto da aprendizagem e das atividades realizadas. O docente deve estar atento ao modo como foi executada a tarefa e o que norteou os procedimentos, a saber: o ambiente, os materiais, as escolhas, enfim, tudo que cerca o momento da realização da atividade. A avaliação poderá ser realizada em forma de observação, registro e atividades práticas.

A aprendizagem precisa ser avaliada durante o processo de trabalho, de forma contínua, tendo como objetivo o desenvolvimento do aluno em todos os aspectos. É nesse momento que o professor pode perceber as dificuldades e os acertos dos alunos.

A avaliação da aprendizagem deve contemplar os momentos em que a criança:

  • exercita os conceitos aprendidos tanto no contexto escolar como no extraescolar;
  • tem oportunidade de interpretar a ação dos adultos;
  • tem possibilidade de expressar os sentidos que atribuiu aos conceitos, modificando-os a partir das relações que estabeleceu.

 

Portanto, o olhar do professor sobre os aspectos que facilitam ou dificultam o desenvolvimento das crianças ajudará a organizar e reorganizar outras atividades, os materiais oferecidos, as formas de execução e os agrupamentos de crianças. Assim o professor terá como prever, já no planejamento, as ações que contribuirão para alcançar seus objetivos e facilitar o aprendizado do aluno.

Segundo os Referenciais Curriculares, ao avaliar os alunos, analise as seguintes questões:

  • De que forma os conhecimentos que o aluno já possui foram considerados?
  • Qual o objetivo da atividade? Que desafio ela propõe ao aluno?
  • Que providências foram tomadas previamente para que a atividade fosse realizada?
  • Que instruções foram dadas para sua realização? Elas foram bem formuladas?
  • Que conteúdos/temas estão sendo contemplados?
  • O espaço foi previamente preparado?
  • Como foi a participação dos alunos?
  • Houve interação entre eles?

O registro avaliativo poderá ser realizado na forma de diagnóstico, veja a seguir.

 

Diagnóstico:

Registrar o perfil do aluno e a fase do desenvolvimento em que ele se encontra no início do ano letivo.

 

Observação:

Registrar os avanços do aluno ao longo do processo de aprendizagem. É importante que, a cada dia, seja feito pelo menos um registro, pois isso possibilita um retrato dos passos percorridos na construção das aprendizagens. Essa forma de registrar diariamente a caminhada do aluno tem o objetivo de mostrar a importância de cada aula, de cada passo, como uma oportunidade de desenvolvimento.

 

Relatórios:

(bimestrais/trimestrais, em forma de áudio, vídeo, fotografias, fichas). Os relatórios deverão registrar os eixos norteadores trabalhados e as reações do aluno diante das propostas oferecidas. Para cada eixo, redija um pequeno texto, sempre levando em consideração o progresso do aluno. Cuidado para que esse relatório não seja apenas um registro contendo “o comportamento que a criança apresentou”, utilizando-se, para isso, de listas uniformes de comportamentos a serem classificados: “atingiu parcialmente”, “não atingiu”, “não apresentou”, “apresentou”, “muito bom”, “bom”, “fraco”, “muito fraco”. A avaliação não deve se reduzir a preencher fichas padronizadas ao fim de um período letivo. Avaliar não é apenas medir, comparar ou julgar. Muito mais do que isso, a avaliação apresenta uma importância social e política fundamental no fazer educativo.

 

Portfólio:

A organização do portfólio torna-se significativa pelas intenções de quem o organiza, do aluno e também da família. Não há sentido em coletar trabalhos dos alunos para mostrá-los aos pais somente como instrumento burocrático. Ele precisa constituir-se um conjunto de dados que apresente avanços, mudanças conceituais, novos jeitos de pensar e de fazer pelos quais o estudante passou.

 

Autoavaliação:

A criança nessa fase já é capaz de fazer uma autoavaliação justa, correta e precisa, pois tem consciência de suas atitudes e do seu desempenho na execução de tarefas e na interação com os colegas. Participar de uma autoavaliação requer amadurecimento e possibilita o desenvolvimento de valores (responsabilidade, honestidade, sinceridade). A autoavaliação pode ser expressa oralmente, tendo o professor como escriba, ou por desenhos e pintura a cores (determine uma cor para cada ação da criança), entre outros.

São muitos os instrumentos que podem ser utilizados para acompanhar o desenvolvimento da criança e possibilitar ao professor a reflexão das ações pedagógicas. A escolha deverá estar de acordo com o planejamento pedagógico e a realidade da sala de aula.

 

Autoras de Educação Infantil da Coleção Nosso Amiguinho.

 

Fonte: Revista CPB Educacional – 1º semestre 2017.
Imagem: Fotolia