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No coração de milhões de pessoas a Páscoa está associada a coelhos que trazem deliciosos ovos de chocolate, proporcionando diversão e alegria à família. Aprendemos assim e vivemos assim. Até que um dia descobrimos que a verdadeira Páscoa não tem nada a ver com coelhos e ovos de chocolate.

A palavra Páscoa vem do hebraico e significa “passagem ou passar por cima”. Foi uma festa bíblica estabelecida para marcar e comemorar a libertação do povo israelita do Egito, por volta do ano 1445 a.C. Na ocasião, para evitar a morte dos primogênitos hebreus, quando ocorresse a décima praga, que destruiria todos os primogênitos do Egito, cada família hebreia devia realizar a cerimônia da Páscoa, na qual se matava um cordeiro e se colocava o sangue nos batentes e na viga da porta. Quando o Destruidor notasse o sangue do cordeiro na porta, a vida do primogênito seria conservada. Enquanto a praga assolava os lares egípcios, as famílias israelitas deviam comer a carne assada do cordeiro com pães sem fermento e ervas amargas. Enquanto comiam, deviam manter o senso de urgência e prontidão para sair do Egito (Êx 12). Portanto, a Páscoa é a festa do cordeiro que morre para libertar.

Mas, se a Páscoa é a festa do cordeiro, por que só ouvimos falar do coelhinho da Páscoa que traz “um ovo, dois ovos, três ovos assim”, como diz a canção popular? Se a Páscoa é a festa do cordeiro, por que ele acabou sendo excluído dela? Onde está o cordeiro? Onde podemos reencontrá-lo? Seria possível devolver a ele o seu lugar nessa festa tão especial?

Em toda a Bíblia, o cordeiro está presente como aquele que é sacrificado em lugar do pecador, para que o culpado seja perdoado e libertado da morte. Um dia, Deus pediu que Abraão sacrificasse Isaque, o filho da promessa. Seguindo para o Monte Moriá, Isaque perguntou ao pai: “Onde está o cordeiro para o holocausto?” (Gn 22:7). Angustiado, o pai respondeu: “Deus proverá para si, meu filho,o cordeiro para o holocausto” (Gn 22:8). Quando Abraão levantou o cutelo para sacrificar Isaque, Deus mostrou-lhe o animal para o sacrifício, preso entre os arbustos. No Monte Moriá, o cordeiro estava preso entre os arbustos. Isaque permaneceu vivo. Do mesmo modo, quando Deus estava para libertar Israel do Egito, o cordeiro foi tirado do aprisco e sacrificado. Assim, os primogênitos israelitas permaneceram vivos.

João Batista reconheceu diante de seus ouvintes o Cordeiro especial. Quando viu Jesus Cristo vindo até ele, disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1:29). “Os dois discípulos, ouvindo-o dizer isso, seguiram Jesus” (Jo 1:37).

Depois de três anos e meio de ministério, o Cordeiro de Deus “foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os Seus tosquiadores, Ele não abriu a boca” (Is 53:7). No Monte Calvário, Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus, foi crucificado durante a Páscoa. Ao terceiro dia, Ele ressuscitou para nos oferecer os benefícios do Seu sangue.

Em seguida, o Cordeiro foi recebido no Céu, para ser adorado. No Apocalipse, João viu “no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto” (Ap 5:6). João viu e ouviu “uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres

viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares, proclamando em grande voz: digno é o Cordeiro que foi morto de receber poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor. Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos” (Ap 5:11-13).

Por que o Cordeiro é digno de receber adoração de todas as criaturas do Universo? Porque Ele está escrevendo a maior obra já escrita em todos os tempos, “o Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13:8). Para escrever esse livro, o Cordeiro usa as mãos que um dia foram pregadas na cruz. Dessas mãos, saiu o sangue libertador, que serve como tinta para escrever o livro, cujo conteúdo são os nomes dos que olham com fé para o Cordeiro.

Onde está o Cordeiro agora? Antes de concluir o Livro da Vida, o Cordeiro está convidando mais pessoas para fazer parte do Seu livro: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo” (Ap 3:20). Será que o Cordeiro ainda está do lado de fora da nossa casa, da nossa vida e do nosso coração? Seria muito triste ter em nossa casa ovos de Páscoa, presentes, comida e bebida, mas não ter conosco o Cordeiro de Deus, o único que pode nos trazer perdão e libertação. Se os falsos prazeres da vida nos fizeram perder de vista o poder que há no sangue do Cordeiro, por que não permitir que Ele entre em nosso coração e celebre conosco a verdadeira Páscoa?

 

Imagem: Vladischern / Fotolia
Fonte: Revista CPB Educacional – 1º semestre 2014.