ERA UMA VEZ…
Essas três palavras formam uma clássica frase que nos leva ao que seria o início de uma grande aventura. Ao ouvi-la, as crianças parecem entrar num estado de imaginação, de imersão, e ficam curiosas para saber o que vem a seguir. Mesmo a atual geração “Y” ou “Z”, que já nasce com a tecnologia fazendo parte do seu cotidiano, tem interesse em ouvir o “era uma vez” e curiosidade pela continuação da narrativa. A questão é: por que as crianças não sentem o mesmo interesse para ler a mesma frase?
É possível entender que, na era globalizada, o acesso à informação, ao conhecimento e à comunicação por meio das tecnologias está cada vez mais acelerado. O incentivo à leitura é um dos principais desafios da educação, visto que é para a escola que se voltam os olhares da sociedade, na esperança de que se formem alunos leitores. Há um sentido de responsabilização sobre o papel da escola que, em suas propostas pedagógicas busque incentivar e resgatar o gosto e o valor da leitura, de forma tão urgente quanto o ato de aprender.
Paulo Freire, em seu livro A importância do ato de ler, defende a leitura como ação de compreensão do mundo:
A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto (FREIRE, 2000).
No processo de formar alunos leitores, existe a tendência de desenvolver atividades diárias e interdisciplinares no cotidiano da sala de aula, contextualizadas às dinâmicas do ato de ensinar–aprender. Dentro dessa perspectiva, e diretamente envolvido nesse processo, o professor deve ser o grande motivador do ato de ler, lançando mão de todos os esforços no sentido de incentivar e promover parcerias com toda a comunidade escolar. Seu foco deve estar no desenvolvimento das competências e habilidades leitoras, que signifiquem a melhoria da qualidade do ensino.
Considerado um visionário da literatura infantil, Richard Bambenger (1995) identifica a leitura como uma forma exemplar de aprendizagem, como um dos meios mais eficazes de desenvolvimento sistemático da linguagem e da personalidade. Quando a criança adquire o hábito e faz da leitura um momento de prazer e de conhecimento, há interação com outras culturas, e um despertar para a necessidade e a importância do ato de ler.
Trabalhar a importância da leitura não é só função da escola. Os pais devem incentivar seus filhos no dia a dia, criando estímulos e estratégias prazerosas com foco na leitura. Sendo exemplos de pessoas leitoras em casa, as crianças e jovens são despertados ao contato com livros, jornais, revistas, e se familiarizam com a leitura, adquirindo o gosto e o progressivo hábito de ler.
A seguir, confira algumas dicas de como despertar o interesse pela leitura:
[cpb_box] TENHA um espaço de leitura com estante e local confortável para sentar;
SEJA exemplo de pessoa leitora, contando o que esteve lendo e aprendendo;
CONTE histórias para as crianças, criando momentos de “era uma vez”;
LEIA histórias antes da hora de dormir;
DÊ LIVROS de presente, como prêmio e incentivo;
PEÇA para a criança ler e depois contar a história;
FAÇA visitas a livrarias, bibliotecas e eventos que promovam livros.[/cpb_box]
É na primeira infância que se faz a criança leitora. Na fase em que estão descobrindo o mundo é fundamental que os adultos, pais, parentes ou professores sejam motivadores para a formação de hábitos de leitura: leitura pelo prazer, leitura para a formação, leitura para a informação, leitura para a construção de mundo. Quando for apresentar uma leitura para a criança é importante perceber quais são os interesses dela, respeitando sua faixa etária. Dê à criança a oportunidade de contato com diversos tipos de leitura, até mesmo a leitura digital, que a satisfaça. Como estamos na era dos livros digitais, podemos unir a tecnologia à leitura como motivação em favor da formação da criança leitora.
Sabemos que é por meio da leitura que o ser humano se transporta para o desconhecido, usando a imaginação e as emoções para dar sentido e dinamicidade à sua existência. A leitura é fundamental para que haja aprendizado nas mais variadas áreas do conhecimento, e para que estes se solidifiquem. A tarefa de despertar leitores é de responsabilidade de todos os educadores, uma vez que entendemos que a leitura é uma ferramenta significativa no processo de aprender a aprender.
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