Checar uma notificação aqui, tuitar outra coisa ali, quem sabe compartilhar um vídeo, e quando se vê lá se foi uma tarde de estudos. Infelizmente essa é a realidade de muitos estudantes. É inegável que a revolução tecnológica chegou para ficar. Segundo o Ibope Nielsen Online, são aproximadamente 70,9 milhões de pessoas no Brasil que têm acesso à internet no trabalho ou em casa – cerca de 16% de crescimento em relação a 2011. O Brasil é o segundo país com mais acesso ao Twitter e ao Facebook – são 500 milhões de pessoas tuitando, segundo estudo da Semiocast, e cerca de 58,5 milhões de pessoas conectadas à rede Facebook, segundo a Social Bakers.
Facebook, Twitter, Youtube, MSN, Ask, Google+, Linkedin, Formspring, Orkut, Hi5, entre muitos outros. São muitas opções, para todos os tipos, objetivos e pessoas. Mas essa interação pode ultrapassar os limites do entretenimento e causar consequências para os estudos.
Michely Marçal, 17 anos, tem cinco redes sociais – Orkut, Twitter, Facebook, Ask e MSN. A estudante do terceiro ano do ensino médio, que acessa com frequência essas páginas, admite que já foi prejudicada nos estudos por causa disso: “Já perdi tempo nesses sites ao invés de estudar para a prova”, revela. Com Natália Pina, 14 anos, aconteceu a mesma coisa. A estudante do primeiro ano do ensino médio possui três redes sociais: Facebook, Twitter e Tumblr.
Frederico Cesarino, professor da Secretaria de Educação de Manaus e pesquisador em estudos em mídias educacionais e redes sociais pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), explica que os adolescentes ficam viciados em redes sociais para atividades não produtivas – apenas bate-papo, futilidades ou qualquer outro assunto que não acrescente. “Já reparou como ultimamente os jovens escrevem tão errado? Muito é culpa da internet e redes sociais”, argumenta.
A psicopedagoga Karin Keppk acredita que não são todos, porém a maioria dos adolescentes apresenta maior dificuldade em elaborar um pensamento bem fundamentado e coerente devido às redes sociais.
Apesar de todas as consequências, podem-se encontrar fatores positivos nas redes sociais, desde que haja a iniciativa do aluno. Frederico revela que as páginas de relacionamento não são nocivas desde que seja usada da forma correta. Ele próprio possui uma página educacional no Facebook, onde interage com todos que tenham dúvidas ou que sugerem planos educacionais. Porém ele alerta: “Se há o acesso durante todo o dia sem conciliação com qualquer outra atividade, certamente isto é uma atitude extremamente nociva”.
Os colegas de classe de Natália criaram um grupo no Facebook onde compartilham conteúdo e datas de provas ou trabalhos. “Acho legal, pois se eu faltar ou perder algo da aula não deixarei de perder nota”, explica. Já Michely acessa a página no Facebook do Enem, onde vê dicas tanto para o vestibular quanto para o exame nacional, que, segundo ela, se fosse em outro lugar fora da internet, talvez não prestaria atenção.
Mesmo com o vício dos alunos, Karin acredita que a escola também tem um papel a desempenhar diante dessa situação. Segundo ela, a escola deveria criar links entre o mundo dos alunos e a educação – formas de associar o conteúdo que se aprende na escola com a dinâmica do dia a dia dos alunos. “Não podemos fechar os olhos para a realidade”, afirma.
Ela ainda declara que há como amenizar esse comportamento se os pais criarem limites quanto ao uso da internet e impuserem obrigações e deveres antes do entretenimento. Claro que essa atitude é mais eficiente quando se criam hábitos desde a infância, pois as chances de êxito no futuro são maiores. “Não existe sucesso sem sacrifício”, enfatiza.
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