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A educação não é feita somente de números ou letras, e sim de notas musicais e muita cor. Isso porque matemática, língua portuguesa ou ciências não são as únicas disciplinas relevantes na vida acadêmica do aluno. Ensino musical e artístico apresentam um papel tão importante quanto. Quer saber por quê?

De uma forma diferente das outras áreas, a música e a arte tem a ver com a constituição do cérebro, desenvolvendo toda cognição e sinapses, que são as regiões de impulsos nervosos e neurônios. Quando a criança se dedica às disciplinas teóricas, ela trabalha bem o lado esquerdo do cérebro. Com isso, atividades de educação física, artes e musicalização garantem as sinapses do lado direito, causando, assim, o equilíbrio dos hemisférios.

Entre tantos benefícios conhecidos como o autoconhecimento, percepção de emoções pessoais ou até o desenvolvimento da percepção estética, a música e a arte na escola oportunizam ao aluno descobrir seu pensamento crítico, sua criatividade e socialização.

“O cérebro trabalha muito mais focado quando você faz música junto. Estudos mostram que o cérebro tem mais sinapses quando você está cantando ou tocando em público. Mas a gente não pode esquecer a importância de estudar música e arte pelo conteúdo em si, que também é um objeto de estudo, que será muito útil no desenvolvimento do estudante”, explica Ellen Stencel, doutora em Música e uma das autoras do material didático de artes da Casa Publicadora Brasileira (CPB).

É na escola que o gosto por essa área tem grandes chances de ser desenvolvido. Entretanto, a metodologia utilizada faz total diferença. “É preciso deixar o aluno criar, colocar as suas ideias e os sentimentos, dar opções a ele. Mas, se você dá um desenho pronto para pintar todo estereotipado ou uma música pronta, ele não terá a opção de decidir ou escolher.  Você pinta o miolo da flor de amarelo, as pétalas de vermelho e as folhas de verde. E esse aluno aprenderá a repetir e não a ter o senso crítico, a se colocar, se posicionar, a ter seus gostos e vontades. A exploração no primeiro momento tanto sonora como visual é o mais importante”, ressalta Ellen.

Para isso, respeitar as etapas que constroem a sensibilidade artística e musical se tornam fundamentais. A inserção neste universo se dá pelo conhecer simples que, aos poucos, se torna um aprendizado mais amplo e aprofundado. “Com os pequenos procura-se desenvolver primeiro o belo artisticamente equilibrado em cores e formas, para depois ter a visão da distorção, em que obras de arte são mais dramáticas, refletindo um outro aspecto sem ser o belo. Precisa ter esse olhar. Aos poucos se cria essa autonomia de conhecer a arte, diferentes artistas e obras”, explica Ellen, que também ressalta a importância de o aluno vivenciar a música, e não apenas falar sobre isso, com experiências sonoras práticas em sala de aula.

 

INCENTIVO FAZ A DIFERENÇA

Quando a família incentiva, a descoberta desse universo é prazerosa e tem grandes chances de ser bem aceita pela criança. “O ambiente familiar precisa desenvolver o gosto e a relação com a música. Materiais diferentes, sons diferentes, músicas cantadas pela mãe ao embalar a criança, ou até mesmo o culto familiar que é uma excelente ajuda em que o canto é acompanhado de movimento. A criança estará imbuída nesse ambiente musical”, sugere a professora Ellen, que também pontua a importância da escolha cuidadosa de um profissional qualificado e que tenha a metodologia correta para cada faixa etária, caso a criança tenha aulas extraclasse. “O ensino de música e arte sempre tem que ser prazeroso, se não está prazeroso, algo está errado”, acrescenta.

A idade em que os estímulos são trabalhados podem contribuir e muito. A criança está mais propensa a absorver o estudo da música e das artes entre os 3 aos 10 anos de idade. Entretanto nada impede que outras faixas etárias estejam inseridas nesse universo. “Os estímulos começam com a criança ouvindo timbres, ritmos e músicas diferentes. A gente percebe o desenvolvimento do aluno, que fica muito mais focado, mais atento e perceptivo, porque se desenvolve as sinapses e cognições neurais. Quanto mais cedo melhor, mas não tem momento para terminar. Nós também temos várias experiências na música com a terceira idade. É um pouco mais lento, apresenta algumas dificuldades diferentes das crianças, mas eles também aprendem e crescem. A música é para todas as idades e esferas”, acredita Ellen.

O importante é entender que a música e a arte compõem o indivíduo em seu modo de pensar, de ver o mundo e de suas percepções. “Elas não são apenas nos momentos livres, não é castigo ou premiação. A música e a arte têm que ser conteúdo na sala de aula”, conclui Ellen.

 
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Imagem: Africa Studio/Fotolia