Esse o nome do livro que a mãe de Gregório Duvivier lançou, para contar a história de João, outro seu filho. Ele tem Síndrome de Apert e, desde que nasceu, quando a mãe tinha 22 anos, foi tratado normalmente, com carinho e amor. É também o nome do artigo que o jornalista publicou recentemente. Depoimento eloquente de como encarar as diferenças. O preconceito é alguma coisa criada por mentes mesquinhas, incapazes de constatar a realidade espetacular de que todos somos únicos, irrepetíveis, heterogêneos por natureza.
A diferença é exatamente o que nos ensina a nos impregnar de sentimentos essencialmente humanos. Razão e coração precisam caminhar juntos e testemunhar que somos primícias dentre as criaturas. Infelizmente, nem sempre é assim. Duvivier fala em “outrofobia“, doença tão entranhada e tão difícil de desentranhar. Verdadeira epidemia, que grassa o mundo todo e que gera reações impróprias a quem se considera a única espécie racional que habita a face da Terra. Quanto aprendemos com a diferença! Quanta suavidade, ternura e carinho encontramos nas crianças especiais. Espontâneas, afáveis, acessíveis como nem sempre sabemos ser.
Como é enriquecedor aprender a respeitar aqueles que não precisam de piedade, mas de um olhar que considere sua dignidade ínsita de seres humanos, com idêntico DNA, integrantes desta espécie que se notabiliza por complicar o que não precisa ser complicado. Mente estranha a dos seres humanos que depois de experiência tão prolongada por este sofrido Planeta, não percebem que só podem contar com algumas décadas, se tanto, para que sua passagem pela frágil aventura existencial possa valer a pena. Ainda bem que existem João e sua corajosa mãe, que não se lamenta, nem fala em superação, mas dá o testemunho de que tudo começa e termina bem quando não falta o amor. Nutriente que, assim como acontece com a ética, matéria-prima de que o Brasil e o mundo se ressentem, é a poção mágica suficiente a produzir milagres.
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