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Muita dificuldade em ler, escrever e associar letra e fonema são problemas de quem sofre com a dislexia. O transtorno, altamente genético, com 60% de chances de hereditariedade, acarreta inúmeras dificuldades no aprendizado, especialmente nas fases iniciais de alfabetização. Agravado conforme o nível de escolaridade do indivíduo o problema afeta cerca de 4% da população mundial, de acordo com levantamento de profissionais da área.

Em virtude da pouca atenção e do pouco conhecimento geral sobre o assunto, são escassos materiais que se propõem a estudar a dislexia e a orientar profissionais que possam ter algum contato com pessoas que têm esse transtorno. “Em geral, são professores e familiares que percebem a dificuldade inicial do aprendizado da leitura encontrado na dislexia”, afirma a Dra. Ana Luiza Navas, diretora do curso de Graduação em Fonoaudiologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Por isso, de acordo com a professora, mais da metade das pessoas disléxicas não sabe que convive com o problema. Em geral, segundo ela, as crianças que apresentam a dificuldade nos estágios iniciais de aprendizagem são taxadas de preguiçosas ou com baixo rendimento cognitivo.

A alteração neurofuncional resulta em um déficit de linguagem e certas habilidades cognitivas. “A pessoa disléxica tem muita dificuldade em relacionar as letras do alfabeto aos seus sons para que o reconhecimento automático de palavras seja possível. A associação de letra e som é mais difícil e leva mais tempo pra quem sofre com o transtorno, que precisa ser acompanhado e demanda maior atenção da família e professores em algumas situações”, ressalta a professora.

O período de alfabetização, ensino médio e início do superior são importantes marcos de dificuldades na vida de quem sofre com a dislexia.  O primeiro por ser o contato inicial com a linguagem escrita, o segundo por ser a preparação para o vestibular e o último em virtude da pouca assistência prestada por universidades e docentes aos alunos disléxicos.

Um estudo apresentado no Congresso Internacional de Dislexia selecionou 20 Instituições de Ensino Superior brasileiras, sendo 10 públicas e 10 privadas e 15 no exterior, sendo 3 dos Estados Unidos, 3 no Canadá, 3 no Reino Unido, 3 na Austrália e 3 na Irlanda com o objetivo de verificar quais as instituições que dispunham de Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI) para dar assistência e avaliar alunos com diferentes dificuldades de aprendizado.

Como resultado, o estudo identificou que 25% das instituições brasileiras não apresentavam o Núcleo, exigido pelo MEC, e 20% não incluem a dislexia nos serviços de acompanhamento ao aluno. Diferente do Brasil, todas as instituições dos países apontados no estudo apresentavam o NAI e apenas uma não reconhecia a dislexia nos serviços de apoio.

“Isso reflete nossa preocupação profissional em, além de identificar os alunos com esse transtorno e acompanhá-los, fazer com que a informação chegue a todos. Além de muitas pessoas não saberem lidar com o problema, muitos não acreditam que ele exista”, diz a Dra. Ana Luiza. “É fundamental que haja uma conscientização e orientação de professores que lecionam a todas as idades para que eles identifiquem possíveis dificuldades e orientem os pais a procurarem auxílio profissional para os filhos. A criança que é acompanhada desde o início da alfabetização, com o tempo, desenvolverá estratégias pessoais que auxiliem seu desenvolvimento e saberá como lidar melhor com o transtorno”, completa.

 

Fonte: Fran Press Comunicação Corporativa
Imagem: Frank Boston / Fotolia