(Que perguntinha, hein?)
Há uma ideia equivocada quanto aos processos de escrita. Pode ser que alguns pensem que os romancistas, cronistas, poetas, namorados, amantes da arte literária escrevam sempre movidos por uma irresistível paixão, um gosto acentuado pelas palavras. Que os jornalistas, editores, redatores, pesquisadores, cientistas, psicólogos, professores, clérigos, médicos, advogados, promotores, escrivães, secretárias, escrevam por dever da função que desempenham e que, alunos… (rsrsrsrs) escrevam por obrigação.
Desculpem-me, mas não é sempre assim. A necessidade de pagar contas, a rotina, os prazos impostos pelos editores, o contrato com as editoras, entre outros motivos, frequentemente tornam o trabalho da escrita, mesmo para o amante das letras, da arte literária, uma árdua e complicada obrigação, regrada por cláusulas intermináveis, talvez até imposta por força da posição adquirida. Por outro lado, é bem possível que, para além do dever, certos jornalistas, professores, cientistas e outros profissionais encontrem um prazer ao iniciarem ou finalizarem suas reportagens, editoriais, sermões, relatório de experiência bem-sucedida, parecer de um paciente transtornado, ou um artigo de opinião, com um sentimento positivo. Quem sabe esse sentimento ou certeza venha da consciência de estar contribuindo para o esclarecimento de um fato, a análise de um acontecimento político, a reflexão quanto ao sentido da vida bem vivida, o avanço de uma causa maior, o tratamento de um distúrbio, enfim, o bem da humanidade.
Você já pensou nisso?
Então, direi eu: os alunos do Ensino Médio nem sempre devem ser vistos como autores, produtores de textos por “obrigação”. Não é preciso acomodar-se, deitar-se na “fôrma”, como massa disforme, e permitir ser “enformado” pelos padrões de perfil estereotipado de aluno desse nível de ensino. É preciso que você, à semelhança dos profissionais citados, compreenda distintamente o valor do que está fazendo, do peso que tem o registro de suas reflexões, ainda que lhe pareça apenas o dever do seu ofício. É preciso que haja certa consistência nessa massa, nesse conjunto de ações como estudante. É preciso alguma dose de fermento (tomada de consciência, ação–reação) para deixar-se crescer, sem a fôrma, pela segurança das hábeis mãos do padeiro-mestre, por uma força interior e pela ajuda de certos instrumentos capazes de potencializar os esforços da escrita bem-sucedida.
Começo alertando-o para o acesso frequente a acervos atualizados, bem surtidos das bibliotecas, livrarias, para, a sós, ou acompanhado por um amigo focado, assimilar conceitos ou poder trocar impressões sobre questões relevantes à formação de novos pontos de vista, de um arsenal de ideias.
Refiro-me a uma prática consistente e diária de leitura e audição de conteúdos e análises relevantes, midiáticas, aplicadas aos conhecimentos que precisa dominar para ter acesso à universidade. Relembro a importância de um professor mediador que instigue, estimule e construa com você formas diferentes de entender o mundo.
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